sábado, 25 de fevereiro de 2012

REFAZIMENTO (Chico Xavier/ Epifânio Leite) - O karma da rainha paralítica



    
(Versos dedicados à venerável irmã que conhecemos na realeza terrestre, há quatro séculos. Culta, não espalhou os benefícios da inteligência. Amiga incondicional dos amigos e inimiga implacável dos adversários. Generosa para com os áulicos abastados e indiferente às vítimas da penúria. Embora destacasse as vantagens da paz, incentivou, quanto pôde, as guerras de conquista e ambição. Agradecida aos vassalos obedientes, perseguia, até à morte, quantos não lhe observassem as diretrizes. Amada e odiada, alcançou o Mais Além, e, à frente da verdade, preocupou-se com a redenção própria.

Regressou à Terra, várias vezes, apagando-se devagar, quanto ao brilho terreno que ostentava, até que rogou a prova final, em que a identificamos presentemente, habilitando-se no corpo enfermo e disforme, em acentuada penúria, para a ascensão próxima à Espiritualidade Superior.

A essa irmã admirável e valorosa, capaz de omitir-se e sofrer até a integral reparação da própria grandeza em si mesma, oferecemos aqui a nossa pálida homenagem, desejando-lhe plena vitória em Jesus e com Jesus.)
 
Vejo-te, soberana, aos painéis da memória!
O trono te emoldura a face de outras eras...
Oprimes sem temor, espancas onde imperas,
Fulges no fausto vão de vaidade ilusória!...
A paixão te esfogueia a fome de vanglória,
Exilas e destróis, humilhas e encarceras...
Vem a morte, no entanto, entre forças austeras,
E largas sob a cinza a pompa transitória!
Foi-se o tempo... Hoje achei-te em catre duro e estreito,
Paralítica e só, parafusada ao leito!...
Chorei ao ver-te a choça e o triste quarto em ruínas!
Mas louvo o fel de agora ante o sol do futuro...
Pela dor subirás ao reino do amor puro
Em teu carro estelar de açucenas divinas!